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Vegetariano, vegano, veggie! Quais as diferenças, os benefícios e malefícios destes estilos de vida

Na coluna desta semana, Jamar Tejada explicou se a carne vermelha é inimiga da alimentação e como cortar este alimento da dieta interfere na saúde

Vegetariano, vegano, veggie! Quais as diferenças, os benefícios e malefícios destes estilos de vida – Freepik/ jcomp

Como gaúcho nascido e criado no campo, onde ainda muito pequeno meus pais me davam um pedaço de carne para ficar sugando o “caldinho”, não preciso nem dizer o quanto é difícil afastar o vampirinho “sanguinolento” que habita esse corpo!

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Acho o máximo ouvir as criaturas se exibindo que são vegetarianas ou veganas, elas estão anos luz à frente na escala evolutiva. Infelizmente ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas estou tentando, hoje mesmo só comi peixe branco e vocês não imaginam como é difícil para mim, me livrar do vício da carne vermelha.

Mas você sabe as diferenças entre ser vegetariano e vegano?

Vegetarianismo é um regime alimentar que consiste na ingestão de alimentos vegetais excluindo todos os tipos de carnes, aves, peixes e seus derivados, assim como os que contenham estes alimentos como patês e embutidos. O vegetarianismo pode apresentar diferentes variações de acordo com o tipo, quantidade e grau dos alimentos ingeridos. 

No vegetarianismo você pode ser:

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  • Ovolactovegetariano:  se alimenta de vegetais, ovos, leites ou laticínios;
  • Lactovegetariano: se alimenta de vegetais, leite e laticínios;
  • Ovovegetariano: se alimenta de vegetais e ovos;
  • E o que eu chamaria de TOP MASTER , o Vegetariano estrito, que se alimenta apenas de vegetais, sem ingerir produtos de origem animal

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E aí existe o nível HARD, que é o Vegano!

O Veganismo vai além da alimentação, é considerada uma filosofia de vida que busca excluir, na medida do possível, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais, seja na alimentação, no uso de produtos de higiene e cosméticos que contenham substâncias de origem animal ou que foram testados em animais, no vestuário como roupas e calçados de couro, ou em outras formas de consumo.

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Desta forma, indivíduos veganos, além de não consumirem nenhum alimento de origem animal, rejeitam também o uso de produtos que advém da exploração animal. Eu poderia dizer que sou meio vegano, pois faço e respeito toda a crença vegana, só não evolui ainda no princípio mais importante que é o não consumo de carne.

O veganismo não enxerga apenas o seu umbigo, mas sim todo o ecossistema

Quando pensamos na produção de alimentos, principalmente a pecuária e a pesca, está intimamente relacionado com a degradação do meio ambiente. O desflorestamento e a perda da biodiversidade, o uso excessivo de água, a degradação do solo, o aquecimento global, são alguns dos fatores associados à indústria pecuária, assim como a pesca predatória, que não favorecem o desenvolvimento sustentável, processo que tem por objetivo preservar os recursos naturais e a biodiversidade visando garantir que as gerações futuras possam usufruir destes recursos. Já que vivemos numa sociedade imediatista, que desconsidera o passado e vê o futuro como incerto, tendo como resultado falta de planejamento e negligenciamento de uma postura politicamente correta e ecológica.

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O vegano reconhece outras espécies de animais, que não o próprio humano, como seres sencientes, capazes de experimentar sensações e sentimentos, que sentem prazer e dor. Assim, os indivíduos que adotam tais práticas têm como objetivo preservar o bem-estar dos animais, reduzindo a exploração e os maus-tratos provocados pelo crescimento expressivo da indústria da pecuária, assim como da pesca predatória.

É claro que a questão do ecologicamente correto é mais do que importante, mas os benefícios à saúde associados a este regime alimentar também pesam muito na hora de escolher um lado da balança!

Diversos estudos demonstram que a dieta vegetariana, independente da “modalidade” de vegetarianismo, pode promover a melhora de diversas funções do organismo humano, mas isso quando realizada de forma adequada. Também acredito muito que uma dieta vegetariana responda energeticamente de forma positiva no nosso organismo. É muito óbvio que a dor e o sofrimento do animal abatido acabem passando para sua carne e isso não tem como responder positivamente no nosso corpo.

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Carne vermelha é um inimigo?

Muitos falam que a carne vermelha apodrece no nosso corpo, que é de difícil digestão, na verdade, nosso estômago precisa de quase o dobro de ácido que usa para a mesma quantidade de pão, por exemplo. Dependendo do metabolismo, uma pessoa pode levar até três horas e meia para digerir um bife médio, mas isso não pode ser qualificado como bom ou mau.

A riqueza de recursos que o corpo humano dispõe para digerir a carne é compatível com nossa aptidão. Nós conseguimos aproveitar até 35% do ferro da carne, enquanto que, dos vegetais, não ultrapassamos 10%, mas não podemos deixar de levar em consideração que a redução da ingestão de gorduras saturadas está associada à redução do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas. Além disso, indivíduos vegetarianos tendem a consumir uma dieta mais balanceada, ingerindo grandes quantidades de cereais, leguminosas, frutas e hortaliças (pelo menos assim deveria ser) – alimentos ricos em sais minerais e outros compostos como polifenóis, flavonoides, carotenoides e catequinas que contribuem para a saúde do organismo. 

As deficiências do Vegetarianismo e Veganismo

Quando se é vegano, é necessário ter atenção redobrada sobre o consumo de nutrientes que não são tão comuns à sua dieta. O maior problema do veganismo é que ele está se tornando uma das causas da fome oculta (ou deficiência marginal), problema causado pela falta crônica de nutrientes essenciais na dieta, como vitaminas e minerais. Não vou entrar no assunto proteínas, mas quanto mais vegetariano estrito mais complicado fica.

Em um estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition (EJCN), a saúde óssea é uma das principais preocupações para os veganos, população cuja taxa de fraturas é quase um terço mais alta se comparada à população geral. Isso acontece porque esse grupo apresenta menor consumo de cálcio e vitamina D e baixa densidade mineral óssea. 

Sempre que se exclui um determinado gênero alimentício da dieta é preciso substituir por outros alimentos capazes de fornecer nutrientes semelhantes.

Estudos indicam que a população vegetariana e vegana apresentam deficiência de nutrientes mais frequentemente obtidos de alimentos de origem animal como o ômega 3, iodo, ferro e vitamina B12. A falta de iodo, por exemplo, pode causar deficiência mental – no Reino Unido essa deficiência de iodo é a maior causa do problema.

A ausência de vitamina B12 pode provocar sintomas graves, como cansaço extremo, fraqueza e má digestão. No caso de crianças veganas, a deficiência pode causar atraso no desenvolvimento. Quando não tratada, a falta de vitamina B12 pode acarretar em danos irreversíveis ao nervo. Qualquer quantidade mais baixa do nutriente – ainda que não seja classificada como deficiência – pode ser prejudicial para a saúde e aumentar o risco de doenças cardíacas. As dietas veganas consistem de ferro não-heme, que não são absorvidos pelo sangue. Quanto à B12, a vitamina é naturalmente encontrada apenas em produtos de origem animal.

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Os ácidos graxos ômega-3 – incluindo os ácidos eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA) são de fundamental importância já que são importantes constituintes de membranas celulares que contribuem para a manutenção da integridade estrutural e funcional das células e de seus componentes, bem como regulam diversos processos biológicos (desenvolvimento de respostas inflamatórios, metabolismo de lipídeos, transcrição gênica, síntese de proteínas, entre outros), contribuindo para a saúde ocular, neural e cardiovascular.

Os ácidos graxos ômega-3 não podem ser sintetizados pelo organismo humano, portanto, precisam ser ingeridos através da dieta ou suplementação. Os peixes de águas frias são uma das principais fontes de ômega-3, que também pode ser obtido a partir da suplementação com óleo de peixe ou de krill, o que pode vir a ser um problema quando se é vegetariano estrito ou vegano. Visto que a suplementação de ômega-3 obtido a partir destas fontes animais não é uma alternativa viável.

Uma revisão sistemática avaliou os níveis de DHA no organismo de indivíduos que adotavam dietas restritas ao consumo de vegetais, e demonstrou uma associação entre o consumo de vegetais e o aumento dos níveis endógenos de ácido alfa-linoleico (ALA) – um ácido graxo ômega-3 que pode ser convertido em DHA no organismo. Entretanto, este estudo também demonstrou que estes indivíduos apresentavam quantidades reduzidas de DHA em diferentes tecidos, nas células sanguíneas e no leite materno, sugerindo uma deficiência nutricional deste ácido graxo ômega-3.  

Assim, uma vez que a conversão de ALA a DHA no organismo humano pode ser lenta e insuficiente, bem como influenciada por inúmeros fatores (incluindo idade, gênero e hábitos alimentares), vegetarianos podem obter níveis adequados de DHA a partir da suplementação com DHA Vegetal encontrado em farmácias de manipulação pode ser uma boa alternativa.

Longe de mim querer ditar uma regra, acho que meu dever como profissional da saúde é sempre mostrar ao próximo as possiblidades de melhora de sua qualidade de vida, ficando a cada um seu critério de julgamento, afinal a vida é sua! Mas finalizo meu texto com uma frase que um dia ouvi de um amigo vegetariano que para sempre ficou gravada na minha memória: Quando me tornei vegetariano, poupei dois seres, o outro e eu.

JAMAR TEJADA


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