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Síndrome do Ovário Policístico: entenda o que é e saiba se existe tratamento natural

Na coluna desta semana, Jamar Tejada explicou como os ovários policísticos são formados e listou os hábitos que ajudam no tratamento da SOP

Entenda o que é a SOP e como amenizá-la naturalmente – Unsplash/ Frank Flores

“Eu tenho ovário policístico! Tem medicamento natural para isso?“  ‘Taí’ uma condição cada vez mais frequente, que acomete de 15% a 18% das mulheres em idade reprodutiva e que é um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de endométrio e de ovário.

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Interessante também é que 20% das mulheres, ao fazerem um ultrassom, apresentam vários cistos no ovário, no entanto, a síndrome em si só é diagnosticada se há aumento de hormônios masculinos no corpo da mulher e um período menstrual irregular. Em alguns casos a paciente pode ter SOP e não apresentar vários cistos no ovário!

O diagnóstico de SOP é definido quando pelo menos dois dos três critérios a seguir ocorrem: aumento da produção de hormônios masculinos, anovulação (período menstrual irregular) e exames de imagem com ovário policístico. Isso desde que outras doenças que cursam com sintomas parecidos sejam descartadas. 

O fato é que, até o momento, não se sabe exatamente quais são os fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento da síndrome do ovário policístico (SOP). O que se sabe é que algumas manifestações são frequentemente associadas à SOP, tais como alterações nos níveis de hormônios sexuais ou de insulina, obesidade, histórico familiar e disbiose intestinal, ou seja, a alimentação esta diretamente relacionada.

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Não podemos deixar de falar sobre como funciona o processo biológico

A maturação do folículo ovariano e a ovulação são processos que dependem do funcionamento adequado do eixo hipotálamo-hipófise-ovários, logo um desiquilíbrio nesse eixo já bagunça a casa toda! A liberação do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) pelo hipotálamo estimula a glândula hipófise a liberar dois hormônios: o hormônio folículo-estimulante (FSH), que é responsável por promover a síntese de estrogênio a partir de hormônios andrógenos, como a testosterona, e o hormônio luteinizante (LH), que induz a síntese de progesterona.

Pacientes com SOP, entretanto, têm um desbalanço neste eixo, ou seja, há um aumento nos níveis de LH em relação aos de FSH, levando à redução da síntese de estrogênio e ao acúmulo de testosterona. Com isso, o amadurecimento dos óvulos, processo que ocorre todo mês, é comprometido. Quando a célula reprodutiva feminina não se desenvolve como deveria, vira um folículo enrijecido, que fica preso na região, o famoso cisto no ovário. 

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Distúrbios metabólicos que favorecem o acúmulo de testosterona no organismo, contribuindo para o desenvolvimento da SOP

Dentre estes distúrbios,  a obesidade e o aumento da secreção de insulina são os principais. O tecido adiposo secreta, entre outras substâncias, a leptina que é um hormônio que interfere na atividade do eixo hipotálamo-hipófise-ovários, favorecendo a síntese de testosterona. De maneira semelhante, o aumento da concentração de insulina na circulação sanguínea – comum em quadros de resistência à insulina, como na diabetes mellitus 2 (DM2) – também favorece o aumento dos níveis  de testosterona.

Desta forma, visto que a obesidade promove um aumento da secreção de leptina e é um dos principais fatores associados ao desenvolvimento da diabetes, além de ser frequentemente associada à disbiose intestinal e a um quadro de inflamação crônica, o gerenciamento do peso corporal e a redução do tecido adiposo são essenciais para a regulação do eixo hipotálamo-hipófise-ovários e para o controle dos sintomas clínicos da SOP, ou seja, a cura, ou pelo menos a melhora começa pela boca!

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E quais são as manifestações clínicas características?

– Presença de cistos nos ovários;
– Ciclos menstruais irregulares;
– Fluxo menstrual muito intenso ou escasso;
– Excesso de pelos na face ou em partes do corpo onde normalmente não há pelos (hirsutismo);
– Pele oleosa e acneica;
– Dificuldade de engravidar;
– Alterações emocionais.

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Quais hábitos de vida podem minimizar a manifestação dos sintomas da SOP?

Mudanças no estilo de vida é a opção! A redução da ingestão ou a eliminação de carboidratos da dieta, especialmente açúcar e farinha refinados!

Estudos clínicos conduzidos com mulheres diagnosticadas com SOP demonstraram que a manutenção de uma dieta cetogênica (rica em proteínas e pobre em carboidratos) por pelo menos 12 semanas promove uma melhora da composição corporal, do perfil lipídico e da glicemia, bem como auxilia no restabelecimento dos níveis de insulina no organismo e na regulação do ciclo menstrual destas mulheres. 

É claro que é sabido que a prática regular de exercícios físicos promove a melhora da sensibilidade à insulina, induz o aumento da captação da glicose pelos músculos e favorece a melhora do perfil lipídico. Desta forma, auxilia no manejo de fatores de risco que estão associados ao desenvolvimento da SOP, como diabetes e obesidade.

Exercícios de treinamento aeróbico e treinamento intervalado de alta intensidade (do inglês high-intensity interval training- HIIT) – são os mais eficientes na redução dos níveis endógenos de testosterona e na melhora de parâmetros metabólicos. Adicionalmente, já foi demonstrado que a prática diária de yoga, durante 12 semanas, também pode favorecer a redução dos níveis de LH e de testosterona no organismo.  

SONO

Distúrbios do sono estão diretamente relacionados ao desenvolvimento de alterações metabólicas. Logo, a resolução dos distúrbios do sono é primordial no manejo da SOP. Além de mudanças de hábitos de vida, algumas terapias naturais têm se mostrado efetivas em melhorar a qualidade do padrão de sono, o que favorece a regulação de parâmetros metabólicos e hormonais.

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Suplementos e compostos naturais como adjuvantes no tratamento da SOP

A ingestão de quantidades adequadas de vitaminas e minerais é essencial para a regulação de vias metabólicas e hormonais. Dentre as vitaminas destaca-se a vitamina D, que promove um aumento da sensibilidade à insulina, além de apresentar atividade anti-inflamatória. Ainda, a suplementação de vitamina D em associação a magnésio, zinco e cálcio também tem se mostrado benéfica no manejo do hirsutismo e redução dos níveis de testosterona.

Adicionalmente, a associação da vitamina D com ômega-3 pode contribuir para a redução dos níveis de testosterona, de sintomas depressivos e da ansiedade, além de reduzir a inflamação crônica. 

Além de vitaminas e minerais, a suplementação com alguns compostos de origem natural também tem sido utilizados, como o mio inositol (análogo da glicose, encontrado em cereais integrais e frutas) e a berberina (alcaloide encontrado nas raízes e caules de diversas plantas, incluindo a Berberis aristata).

Estudos clínicos conduzidos com mulheres com SOP demonstram que o mio inositol é capaz de melhorar a sensibilidade à insulina, reduzir os níveis de glicose na circulação sanguínea e normalizar os níveis de andrógenos circulantes. Com isso, melhora os processos de desenvolvimento dos folículos ovarianos e a maturação dos óvulos, resultando em benefícios à fertilidade feminina.

De maneira similar ao mio inositol, a beberina atua sobre a regulação do metabolismo da glicose e dos hormônios andrógenos, além de promover uma melhora no perfil lipídico. Além destes benefícios, o mio inositol e berberina apresentam menor incidência de efeitos colaterais que as terapias medicamentosas convencionais, o que reforça o potencial destes compostos como adjuvantes no tratamento da SOP.

O consumo de chás e infusões de ervas também podem contribuir para a melhora. Compostos bioativos, chamados fitoquímicos, encontrados em algumas espécies vegetais tais como canela (Cinnamomum verum), chá-verde (Camellia sinensis), camomila (Matricaria chamomilla) e amora (Morus alba) apresentam propriedades hipolipemiante, hipoglicemiante e/ou anti-inflamatória, favorecendo a regulação do metabolismo. Já a manjerona (Majorana hortensis), a menta (Mentha spicata L.), o alcaçuz (Glycyrrhiza glabra) e o chá-verde (Camellia sinensis) também podem auxiliar na regulação dos níveis hormonais e de parâmetros inflamatórios. Quando fazemos uso dessas plantas estamos tratando todos níveis inflamatórios do nosso corpo, logo atuando diretamente nesse tratamento.

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Outro composto que tem mostrado resultados é a curcumina, um composto encontrado na Cúrcuma longa – que melhora o perfil lipídico e a glicemia em mulheres com SOP, além de induzir a expressão de genes antioxidantes. 

O desiquilíbrio na microbiota intestinal está diretamente relacionada ao risco e/ou agravamento de alterações metabólicas que influenciam não só pacientes com SOP, mas o equilíbrio dessa é essencial para a regulação de suas funções metabólicas.

Estudos clínicos têm reforçado essa ideia, demonstrando que a administração de prebióticos, probióticos ou simbióticos são intervenções efetivas e seguras para o manejo das alterações metabólicas presentes na SOP. Vale ainda lembrar que nenhum desses compostos, sejam nutracêuticos ou fitoterápicos, mesmo sendo naturais  devem ser tomados sem orientação e consulta com seu médico, pois os mesmos podem gerar reações adversas ou mesmo anular ou mesmo aumentar os sintomas de outros medicamentos utilizados. 

Enfim, como ainda não se sabe a cura, a via de regra para a SOP assim como para quaisquer outras doenças é a receitinha básica: boa alimentação, prática de exercícios físicos e uma boa noite de sono! 

JAMAR TEJADA


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