Na coluna desta semana, Jamar Tejada refletiu sobre uma experiência pessoal que o fez pensar sobre a importância da empatia e como esta capacidade está em falta na sociedade de hoje
Motorista de aplicativo 1: “– Bom dia! Tudo bem? Aceita uma água, uma balinha? “
Eu: “– Bom dia! Tudo bem sim! Uma bala eu aceito! Obrigado!”
Motorista de aplicativo 2: “– Vamos para o endereço “X”? É isso?“
Eu: “– Bom dia! Sim, é esse mesmo! Por acaso o senhor tem uma água aí? Preciso tomar um medicamento.”
Motorista de aplicativo 2: “- Aqui não é serviço de bar não viu? Só transporte!“
Motorista de aplicativo 3: “- Bom dia! Tudo bem?”
Eu: “– Bom dia! Fora a patada que levei do seu colega anterior… “ (E contei o caso)
Motorista de aplicativo 3: “- Meu Deus! Sinto muito pela grosseria dele, mas não deixe que isso estrague seu dia! Talvez ele esteja passando uma situação difícil, não está fácil para ninguém, mas isso não justifica a ação dele! Eu tenho uma balinha de menta aqui que faz esquecer os problemas! Aceita?”
Três situações diferentes que ocorreram comigo, mas que exemplificam três diferentes tipos de sentimentos: simpatia, indiferença e empatia!
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Nunca se falou tanto em empatia, aliás nunca foi tão importante esse sentimento como agora, empatia é a palavra da vez! Confesso que a primeira vez que a ouvi pensei que fosse sinônimo de simpatia, achava que a pessoa que demonstrava empatia, era por natureza uma pessoa simpática, só que não! Há muitos empáticos de cara fechada!
Simpatia podemos sentir ou transmitir em relação a alguém, geralmente a criatura simpática é gentil, amável e amistosa, mas isso não implica necessariamente que também seja empática, aliás desconfio de quem é muito simpático.
Quase sempre simpatia ao extremo tem um interesse narcisista com objetivo de estimular no outro sentimentos positivos em relação a nossa pessoa, buscando algum tipo de aprovação, de valorização.
O que é empatia?
Empatia é a capacidade de nos posicionarmos no lugar do outro para compreendermos o que se passa lá dentro do ser, independentemente de quem seja, se simpatizamos ou não, assim como se estamos ou não de acordo com seu modo de agir, viver e/ou pensar. Aliás a maior forma de empatia é sermos compreensivos com alguém ao qual não gostamos.
A palavra empatia vem do grego empatheia e quer dizer “entrar no sentimento”. É definida como a habilidade de se colocar no lugar dos outros. Em tempos de pandemia, pessoas realmente empáticas infelizmente estão em extinção. Ao invés de olharmos para o outro, parece que está havendo uma luta pela sobrevivência individual!
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Primeiro eu, se der, depois você! Triste isso, mas é a percepção que tenho nesse mundo atual tão cansado de sofrer.
Quando genuína, a empatia está a serviço da comunhão emocional, da aceitação e do respeito da realidade do outro, uma atitude de não julgamento e de despojamento de preconceitos. Ter empatia não significa sentir pelo próximo, mas saber o que ele sente. É avaliar como e quanto ele sente, não é ficar como ele, é ficar com ele!
Mas antes de sermos empáticos não podemos esquecer de reconhecer nossa própria imperfeição antes de reconhecer a imperfeição no outro. Reconhecer que somos imperfeitos minimiza a nossa decepção, suavizando o nosso sofrimento e nos deixando mais polidos e mais próximos ao outro.
Pessoas muito empáticas experimentam a emoção do outro como sendo sua própria, levando até a confusão pessoal, devemos diferenciar. A diferença no empático genuíno para o que não é está em não colocar o seu modo pessoal de ver uma situação que não é sua, bem como não julgar o comportamento do outro baseado no seu jeito de ver as coisas.
Coloque-se no lugar do próximo e ajude por ele, não por si!
Como disse o psicólogo Carl Rogers ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele. Empatia é uma consequência natural da maturidade emocional, do desenvolvimento de nossa consciência, do entendimento de que o destino de todos os seres humanos está interligado.
A empatia é uma benção que nos convida a descobrir as profundezas da compaixão em nossos corações para todas as outras formas de vida, temos Jesus Cristo como o maior mestre da empatia.
O sentimento do outro não é coisa fácil de lidar, mas você já reparou que o que sente pelo outro diz muito a respeito do que és, do que os outros sentem ou veem em ti e principalmente sobre sua evolução interna e espiritual? O outro pode ser aquela parte nossa que não queremos saber, ver, muito menos aceitar, muitas vezes ajudamos o próximo como forma de agradecimento ao que somos hoje e isso não é empatia, é apenas uma boa ação ou uma forma de chamar atenção, enaltecendo seu ego.
Não adianta fazer caridade dizendo ajudar a aliviar a dor do outro se o faz com objetivo egoísta de mostrar sua simpatia. Pessoas centrados em seus umbigos, em seus próprios problemas e incapazes de se comover com as dificuldades alheias, vivem sob o domínio do ego.
Pode-se dizer que o egocentrismo é o sentimento oposto a empatia e que a indiferença é a consequência natural da ausência de empatia. O sentimento do outro é conteúdo oculto do amor a nós mesmos. Empatia está ligada ao verbo compartilhar e ao verbo doar. Compartilhe amor e evolua!
Jamar Tejada
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